sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

para o fim de semana...


preciso de uma coisa destas... nem demasiado frio...nem demasido calor... nem demasiada luz... nem escuridão... só o medianozinho que a tranquilidade tem...
fonte: Mountain House David Guerra

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

por qualquer motivo...

por qualquer razão fortíssima e especifica...nunca posso qualquer coisa em qualquer momento...

sábado, 6 de novembro de 2010

conversa em Orly

Samba de Orly - Chico

Vai meu irmão,
Pega esse avião
Você tem razão
De correr assim, desse frio
Mas beija o meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro lance a mão
Pede perdão
Pela duração dessa temporada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que vou levando
Vê como é que anda
Aquela vida à toa
E se puder me manda
Uma noticia boa.

De vez em quando uma letra consegue fazer demasiado sentido para ser apenas uma letra.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Conversa com Seu Jorge


Fui conversar com o Seu Jorge. Bom, na verdade a conversa acaba por ser um monólogo em que só ele é que fala, no entanto, não me importo que seja assim. Aquela voz, simplesmente de tão grave e vibrante penetra no nosso cérebro e retira-nos a vontade de falar. Ficar a ouvir é bom e suficiente! Se nos sentirmos capazes podemos falar, mas ao mesmo tempo que ele.
Desta vez, o "show" dele foi uma coisa diferente, bem diferente. Ele próprio, adquiriu uma atitude diferente, vestiu outro personagem sem duvida! Os músicos eram diferentes mas excelentes, foi bom, muito bom! No entanto, quando nada fazia prever que as circunstâncias se alterassem, eis que ele entra sozinho para o palco, depois de uma pausa, e o Seu Jorge revela-se de novo mas de uma forma muito profunda, muito verdadeira. Começou a desbobinar por entre musicas conhecidas outros poemas sobre a realidade extrema da pobreza deste mundo! Uma pobreza que ele próprio viveu.
Vê-lo cantar acerca destes temas, não é propriamente uma novidade, mas começar a vê-lo chorar desalmadamente depois de citar de uma forma impressionante o poema Negro Drama , próprio de quem não o tem simplesmente decorado, mas sim entranhado na memória e no corpo!
Disse ele então, que começou a chorar porque começou a pensar nos seus amigos que ainda hoje vivem na situação deplorável em que ele viveu. Lembrou-se de todos eles. Depois começou a agradecer por estarmos ali, que sabia que Portugal passa por dificuldades, que nós não estamos num bom momento mas que mesmo assim estávamos ali para ver o trabalho dele.
A dado momento dei por mim a pensar naquilo que eu vi, associado aquilo que ele viveu, lembro-me perfeitamente da primeira e única vez que visitei uma favela, e lembrei-me principalmente de dois garotos numa das primeiras noites que lá passei, a dormir no chão, encostados à entrada de um portão com um cachorrinhos entre eles. Acho que sei porque é que ele começou a chorar, nesses momentos senti-mo-nos as pessoas mais impotentes do mundo, porque não podemos ajudar toda a gente!!!
Parece que ele nos ouviu comentar, "o gajo está diferente" e decidiu responder, de repente, vimos um favelado qualquer, mais verdadeiro do que nunca, a chorar desalmadamente.
A mim, que felizmente, nunca passei as dificuldades que ele passou, resta-me aprender com esta sinceridade. Resta-me aprender a dar a volta por cima. Resta-me nunca me esquecer de onde venho. Resta-me aprender a ser agradecido.
Tinha de fazer isto antes de dormir...

Disse.


Racionais Mc

Nego drama,
Entre o sucesso e a lama,
Dinheiro, problemas,
Inveja, luxo, fama.

Nego drama,
Cabelo crespo,
E a pele escura,
A ferida, a chaga,
A procura da cura.

Nego drama,
Tenta ver
E não vê nada,
A não ser uma estrela,
Longe meio ofuscada.

Sente o drama,
O preço, a cobrança,
No amor, no ódio,
A insana vingança.

Nego drama,
Eu sei quem trama,
E quem tá comigo,
O trauma que eu carrego,
Pra não ser mais um preto fudido.

O drama da cadeia e favela,
Túmulo, sangue,
Sirene, choros e vela.

Passageiro do brasil,
São paulo,
Agonia que sobrevivem,
Em meia as zorras e covardias,
Periferias,vielas e curtiços,

Você deve tá pensando,
O que você tem haver com isso,
Desde o início,
Por ouro e prata,

Olha quem morre,
Então veja você quem mata,
Recebe o mérito, a farda,
Que pratica o mal,

Me vê,
Pobre, preso ou morto,
Já é cultural.

Histórias, registros,
Escritos,
Não é conto,
Nem fábula,
Lenda ou mito,

Não foi sempre dito,
Que preto não tem vez,
Então olha o castelo e não,
Foi você quem fez cuzão,

Eu sou irmão,
Dos meus truta de batalha,
Eu era a carne,
Agora sou a própria navalha,

Tim..tim..
Um brinde pra mim,
Sou exemplo, de vitórias,
Trajetos e glorias.

O dinheiro tira um homem da miséria,
Mais não pode arrancar,
De dentro dele,
A favela,

São poucos,
Que entram em campo pra vencer,
A alma guarda,
O que a mente tenta esquecer,

Olho pra trás,
Vejo a estrada que eu trilhei,
Mó cota
Quem teve lado a lado,
E quem só fico na bota,
Entre as frases,
Fases e várias etapas,

Do quem é quem,
Dos mano e das mina fraca,

Hum..

Nego drama de estilo,
Pra ser,
E se for,
Tem que ser,
Se temer é milho.

Entre o gatilho e a tempestade,
Sempre à provar,
Que sou homem e não covarde.

Que deus me guarde,
Pois eu sei,
Que ele não é neutro,
Vigia os rico,
Mais ama os que vem do gueto,

Eu visto preto,
Por dentro e por fora,
Guerreiro,
Poeta entre o tempo e a memória.

Hora,
Nessa história,
Vejo o dólar,
E vários quilates,

Falo pro mano,
Que não morra, e também não mate,

O tic tac,
Não espera veja o ponteiro,
Essa estrada é venenosa,
E cheia de morteiro,

Pesadelo,
Hum,

É um elogio,
Pra quem vive na guerra,
A paz nunca existiu,
Num clima quente,
A minha gente soa frio,
Vi um pretinho,
Seu caderno era um fuzil.

Um fuzil,
Negro drama.

Crime, futebol, música, caraio,
Eu também não consegui fugi disso aí.
Eu so mais um.
Forrest gump é mato,
Eu prefiro conta uma história real,

Vô conta a minha....

Daria um filme,
Uma negra,
E uma criança nos braços,
Solitária na floresta,
De concreto e aço,

Veja,
Olha outra vez,
O rosto na multidão,
A multidão é um monstro,

Sem rosto e coração,

Hey,
São paulo,
Terra de arranha-céu,
A garoa rasga a carne,
É a torre de babel,

Famíla brasileira,
Dois contra o mundo,
Mãe solteira,
De um promissor,
Vagabundo,

Luz,
Câmera e ação,

Gravando a cena vai,
Um bastardo,
Mais um filho pardo,
Sem pai,

Ei,

Senhor de engenho,
Eu sei,
Bem quem você é,
Sozinho, cê num guenta,
Sozinho,
Cê num entra a pé,

Cê disse que era bom,
E a favela ouviu, lá
Também tem
Whiski, red bull,
Tênis nike e
Fuzil,

Admito,
Seus carro é bonito,
É,
Eu não sei fazê,
Internet, video-cassete,
Os carro loco,

Atrasado,
Eu tô um pouco sim,
Tô,
Eu acho,

Só que tem que,

Seu jogo é sujo,
E eu não me encaixo,
Eu sô problema de montão,
De carnaval a carnaval,
Eu vim da selva,
Sou leão,
Sou demais pro seu quintal,

Problema com escola,
Eu tenho mil,
Mil fita,
Inacreditável, mas seu filho me imita,
No meio de vocês,
Ele é o mais esperto,
Ginga e fala gíria,
Gíria não dialeto,

Esse não é mais seu,
Hó,
Subiu,
Entrei pelo seu rádio,
Tomei,
Cê nem viu,
Nóis é isso ou aquilo,

O quê?,
Cê não dizia,
Seu filho quer ser preto,
Rhá,
Que irônia,

Cola o pôster do 2Pac ai,
Que tal,
Que cê diz,
Sente o negro drama,
Vai,
Tenta ser feliz,

Ei bacana,
Quem te fez tão bom assim,
O que cê deu,
O que cê faz,
O que cê fez por mim,

Eu recebi seu tic,
Quer dizer kit,
De esgoto a céu aberto,
E parede madeirite,

De vergonha eu não morri,
To firmão,
Eis me aqui,

Voce não,
Se não passa,
Quando o mar vermelho abrir,

Eu sou o mano
Homem duro,
Do gueto, brow,

Obá,

Aquele loco,
Que não pode errar,
Aquele que você odeia,
Amar nesse instante,
Pele parda,
Ouço funk,

E de onde vem,
Os diamante,
Da lama,

Valeu mãe,

Negro drama,
Drama, drama.

Aê, na época dos barraco de pau lá na pedrera onde vcs tavam?
O que vocêis deram por mim ?
O que vocêis fizeram por mim ?
Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho
Agora tá de olho no carro que eu dirijo
Demorou, eu quero é mais
Eu quero até sua alma
Aí, o rap fez eu ser o que sou
Ice blue, edy rock e klj, e toda a família
E toda geração que faz o rap
A geração que revolucionou
A geração que vai revolucionar
Anos 90, século 21
É desse jeito
Aê, você saí do gueto, mas o gueto nunca saí de você, morou irmão
Você tá dirigindo um carro
O mundo todo tá de olho ni você, morou
Sabe por quê?
Pela sua origem, morou irmão
É desse jeito que você vive
É o negro drama
Eu não li, eu não assisti
Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
Eu sou o fruto do negro drama
Aí dona ana, sem palavra, a senhora é uma rainha, rainha
Mas ae, se tiver que voltar pra favela
Eu vou voltar de cabeça erguida
Porque assim é que é
Renascendo das cinzas
Firme e forte, guerreiro de fé

Vagabundo nato!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Conversa o Chico

Agora ele já percebeu que é inútil, que não me engana mais, que eu não abro mesmo, que sou capaz de morrer ali em silêncio, posso virar um esqueleto em pé diante do esqueleto dele, então abana a cabeça e sai do meu campo de visão. E é nesse último vislumbre que o identifico com toda a evidência, voltando a esquece-lo imediatamente. Só sei que era alguém que há muito tempo esteve comigo, mas eu não deveria ter visto, que eu não precisava rever, porque foi alguém que um dia abanou a cabeça e saiu do meu campo de visão, há muito tempo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Na próxima encarnação



(Itamar Assumpção)





Na próxima encarnação


Não quero saber de barra


Replay de formiga não


Eu quero nascer cigarra


Nascer Tom Zé, Jamelão


Cantar, Violeta Parra


Zé Kéti, Duke Ellington


Com banda, orquestra e fanfarra

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

o ínicio


bom,

depois de algumas aventuras e desventuras, brasileiras e portuguesas, aqui estou eu, dois anos depois a concretizar uma ideia, que tinha vontade de compor!
Este blog, que não é para ser divulgado mas sim para ser mostrado, pretende reflectir, acerca do que me interessar, daquilo que me apetecer. Mas pretenderá ter um tema dominante, que foi
a criação de um mundo lusófono, e que ninguém nos pode retirar enquanto a lingua portuguesa for falada. O maior feito que alguma vez Portugal soube criar! Não só de um mundo físico, mas principalmente de um mundo cultural, linguístico, arquitectónico e musical.
O "vamo(s) conversá(r)?" surge como uma oportunidade do autor reflectir sobre essa realidade, que é a língua portuguesa, que nos une. Idioma esse, que deve ser assumido como algo universal, adaptável, onde não existe o mais correcto ou o mais certo, mas que, a partir do momento que o identificamos, nos faz sentir em "casa" em Portugal, no Brasil, em Angola, Mocambique ou Timor.

Espero fazer um bom trabalho!