segunda-feira, 14 de março de 2011

A Lição do Chico

Eu sei que este blog foi criado com o intuito de pensar acerca de questões da lusofonia, eu sei... eu sei também que se calhar não devia ser tão devassador de mim próprio como vou ser agora... mas a verdade é que não existe assim tanta gente a ler este blog, e para além disso os poucos leitores que fazem o esforço são meus amigos, então, na verdade, não devo sentir assim tão devassado.
Poderia estar preocupado uma vez que este post nem sequer vai ter assim tanto interesse, vai ser um mero desabafo! No entanto, nem assim tão descontextualizado, uma vez que chego à conclusão que eu próprio sou um problema da lusofonia!
Sou mais um marinheiro que desde o século XV, se apaixonam por outro lugares, que saltam da Nau e nadam outra vez para Terra pois não querem regressar... à sua casa! Mas quem não quer regressar à sua casa?! Só se for quem já está em casa... E será que é possível ter-se mais que uma casa? A verdade é que até hoje, não se sabe bem se os navegadores saltavam da Nau por amor ou por medo da viagem de regresso...!
Bom, a verdade é que eu não pude saltar do avião!
Mas então, e quando nos apaixonamos por pessoas que estão, que vivem, nos lugares pelos quais estamos apaixonados? Vos garanto que também relativamente a este assunto sou apenas mais um marinheiro!
O velho dilema entre fazer o correcto, fazer o certo (que as vezes não é o correcto) ou fazer o que queremos (que raras vezes é o correcto ou o certo).
Apenas mais um a contribuir para a melancolia assumida do fado português, a contradição entre musica e mensagem do samba, a síntese entre os dois que é o chorinho, e o hipnotismo que os ritmos africanos causam nisto tudo! Mas no fundo todos "animados" por esse sentimento que é a saudade e que só nós conseguimos traduzir em apenas uma palavra!
Conclusão: andamos há séculos, literalmente, a magoar-nos uns aos outros! Andamos sempre à procura de fazer o correcto e de fazer o correcto em vez de fazermos o que queremos!
Pior de tudo é quando já só podemos utilizar o verbo querer no passado!
Eu escolhi o fazer o certo, o correcto, e um pouco do que queria (sim, porque eu também quero fazer certo e correcto), mas na verdade não fiz tudo o que QUERO!
Estou à espera do momento certo, seja ele promovido por mim, porque a vida nem sempre decide ser ainda mais amiga do que já é, e nem sempre precipita a oportunidade de fazer o que Quero na sua plenitude!
Até lá, vou indo, vou aprendendo a viver com a saudade que mais não é como um vulcão que umas vezes esta "adormecido" e outras vezes em "erupção"... de sentimentos que queimam!
Mais difícil é conseguir adormecer este vulcão de novo!!!

A saudade de quem se gosta é mais ou menos como o Chico escreveu: "Quem te viu, quem te vê/ Quem não a conhece não pode mais ver para querer/quem jamais a esquece não pode reconhecer."

Há poucas coisas piores do que se reconhecer e não se poder estar!

Disse.

quarta-feira, 2 de março de 2011

ainda a propósito do post anterior... e os pretos da batalha de Lális

A propósito do Vinícius se considerar preto, dos livros do português Miguel de Sousa Tavares serem considerados "literatura estrangeira" nas livrarias brasileiras, e de provavelmente a literatura brasileira e africana terem a mesma designação nas livrarias portuguesas, devo referir também que soube através do meu querido Professor Domingos Tavares que, na época da Grande Guerra (1914-18) os soldados franceses ficaram muito impressionados quando conheceram as tropas Portuguesas pois estavam perfeitamente convictos de que os portugueses eram pretos!


Se um brasileiro se considerava preto, e se os franceses nos consideravam pretos...então se calhar somos todos pretos...!!

Os pretos soldados portugueses da Grande Guerra.

fonte: projecto9b.blogs.sapo.pt/1708.html