domingo, 21 de fevereiro de 2016

25 de Janeiro de 2016

Hoje é feriado em São Paulo.
Acordei cedo, fui à praia, revi Ipanema e o seu Morro dos Dois Irmãos e tomei mais um banho de mar. Entretanto fui ao Dentista Generoso e depois, vim ler para o Jardim do Museu da República aqui no Rio de Janeiro.
O jardim é bonito, seguro e bem cuidado. As pessoas passeiam, conversam aqui no bistrô, e umas velhotas (termo carinhoso) portuguesas jogam às cartas e discutem como a minha Avó Amélia e as suas irmãs discutiam quando jogavam às cartas.
De repente, num banco de jardim em frente a mim, chegam duas pessoas, um casal.
Parecem mendigos e parecem ter uma vida dura. As suas roupas estão gastas e os seus corpos são magros, queimados do sol e agastados pela vida.
Eles sorriem um para o outro. A menina faz um sorriso envergonhado e simples. Ele, vai falando coisas das quais não faço ideia, mas de um jeito muito sábio com o braço em cima dos ombros dela. Ela, cheia de pose, com aquele momento confortante, confiante, cruza a perna e vai sorrindo feliz.
Ambos têm sacolas, tenho a impressão de que têm a vida toda deles ali e nos seus cérebros. A vida deles deve ser bastante nómada. Ele, começa a retirar objectos de que ele gosta de dentro da sua sacola e a mostrar-lhe e a dar grandes e maravilhosas explicações. Mostrou um boneco de pelúcia e um cd. Ela, leu do seu jeito, o desdobrável da capa do CD.
Ele então, orgulhosamente, tirou o seu leitor de CD portátil, colocou o disco dentro e começou a ouvir deduzo eu, para ver se tudo estava a funcionar bem. Imediatamente colocou os headphones nos ouvidos dela e deixou-a ouvir, apreciando a vegetação que nos rodeava.
Ele, mostrou-lhe todo o património que carrega sempre com ele.
Ela, devolveu o esforço com um sorriso sincero e uma pose impecável do seu charme desgastado por uma vida dura.
Levantam-se e vão embora "jardim abaixo".
Todos temos direito à felicidade, ao amor e aos momentos verdadeiros. Faz parte da nossa natureza independentemente da nossa condição. Nesses momentos, só importa Nós e o Mundo que é igual para Todos.
Na maioria das vezes, somos nós próprios que nos enganamos a nós mesmos, fugindo da nossa verdade que a gente sabe que existe, mas que não queremos ouvir. 
Independentemente, de todas as minhas considerações mais justas ou menos justas sobre aquelas duas almas, eu assisti a um momento de pura sinceridade, de pura verdade da condição humana.
Que a vida, a cada um de nós, nos possa sempre dar essa verdade que existe em só de cada um. Que possamos sempre descobrir em Nós esses momentos verdadeiros que estarão sempre acima de qualquer condição social, económica, posto que são essência humana e essa, para o bem e para o mal é igual para Todos.

                                                                                                                                                        Disse.


"banco do momento verdadeiro. Eles já se tinham ido embora"









   

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